ELA PRESERVA A HISTÓRIA DA POPULAÇÃO PAULISTANA DESDE 1907
Nesta 2ª edição do blog oApostolodoLivro, fomos conhecer um pouco a biblioteca pública da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo. Provavelmente, boa parte dos paulistanos não saibam da existência desse espaço de leitura que é aberto ao cidadão comum, apesar de algumas restrições por causa de ser uma biblioteca especializada, principalmente na área de Direito e ter um público muito específico como os parlamentares, estagiários e funcionários da casa legislativa.
Qualquer cidadão pode ter acesso à biblioteca que fica numa ampla sala no 2º andar do prédio da câmara que conta com 13 andares. Para isso, basta se deslocar até o local, passar pela recepção e apresentar documentos pessoais e atualmente, devido à Pandemia, a carteira de vacinação que comprove a imunidade contra o vírus. Pronto, após isso, estará o cidadão ou a cidadã, livre para subir a pé ou nos modernos elevadores à disposição de todos, ao segundo andar. Mas nem sempre a biblioteca esteve neste endereço.
Antes de se fixar no Palácio Anchieta, atual Casa Legislativa do município de São Paulo, a biblioteca já transitou por outros endereços. Já esteve fechada e numa época precisou transferir todo seu acervo para outra unidade a Mário de Andrade que fica nas proximidades. Esta, também, um importante espaço de cultura e leitura que o oApostolodoLivro irá visitar numa outra oportunidade. E a biblioteca da Câmara ainda sofreu mudança em sua estrutura.
Outrora ela ocupava todo o 2º andar, mas agora fica numa sala espaçosa organizada em seções especificas para orientar o leitor ou os visitantes, como os acervos guardados em prateleiras modernas flexíveis em que se pode consultar livros, periódicos, recortes de jornais e edições do Diário Oficial da Cidade, cada qual em sua divisão. E tudo bem cuidado.
A responsável por manter toda essa organização é a bibliotecária Luana Coelho, supervisora de equipe da unidade contando com dez funcionários. Formada pela USP em biblioteconomia em 2008, tem um vasto conhecimento da história da biblioteca coordenada por ela. Segue trechos da entrevista que gentilmente nos cedeu.
Em que ano a biblioteca foi inaugurada?
LUANA. Foi inaugurada em 1907, mas no início não era no prédio atual que passou a funcionar em 1969.
Qual o tamanho do acervo da biblioteca? Quantos livros estão disponíveis para empréstimos?
LUANA. A biblioteca é constituída pelos acervos de livros, recortes de jornais, periódicos e diários oficiais. Fazemos empréstimos somente para os usuários internos que tenham vínculo com a câmara. Para estes, é possível emprestar dois livros por quinze dias que poderão ser renovados.
De que outra forma esse acervo pode ser consultado?
LUANA. Os interessados podem solicitar pesquisas pela internet, por e-mail e terão retorno via online ou presencial.
O acervo é composto por quantos idiomas?
LUANA. Predominantemente de Língua Portuguesa; há outros poucos exemplares no idioma francês e inglês.
Qual a edição mais antiga e qual a mais importante?
LUANA. O livro mais antigo que temos data de 1601. Quanto à edição mais importante é difícil dizer pois todas tratam da história da cidade, do povo paulistano e da Câmara Municipal; no entanto, vale destacar a coleção de Aureliano Leite que ainda em vida nos doou todo seu acervo particular. Ele foi um importante advogado e historiador da década de 70, político e escritor membro da Academia Brasileira de Letras.
Como é feita a preservação das obras, principalmente, daquelas raras?
LUANA. É feita uma higienização periódica do acervo que não se trata de limpeza, mas sim de restauração realizada livro por livro por especialistas, isso ocorre após rigorosa avaliação dessa necessidade. Esse procedimento é realizado aqui mesmo nas dependências da biblioteca.
A biblioteca realiza visitas guiadas a grupos ou instituições com agendamento prévio?
LUANA. Havia visitas programadas não só para conhecer a biblioteca, mas também a Câmara. Mas devido à pandemia as visitas presenciais foram suspensas, passando a existir no formato online. Temos a intenção de retomá-las assim que for possível.
A biblioteca promove eventos, reuniões ou palestras?
LUANA. Não especificamente aqui, mas em outras dependências do prédio, mas isso ocorria até 2019, antes do advento da pandemia.
Por muito tempo as bibliotecas eram tidas como locais de armazenamento de informações no formato físico, mas com o avanço da tecnologia esses armazenamentos se tornaram digitais. A seu ver qual o futuro ou o novo formato das bibliotecas? Os livros impressos ainda são valorizados ou já sofrem com a Era da Internet?
LUANA. Eu não vejo os livros físicos sendo substituídos pelos livros digitais tão cedo. Essa transição costuma ser muito demorada, exemplo dos pergaminhos e outros tipos de formatos físicos que demoraram muito tempo para serem substituídos pelos livros que conhecemos hoje. E quando os livros digitais vierem a substituir os livros físicos certamente não será em nossa geração. Os formatos tradicionais ainda têm muita preferência dos leitores mais jovens, embora eu, particularmente, goste muito de ler no formato digital como leitora, mas para estudar, o livro impresso dá mais facilidade como manuseio, organização das páginas e memorização do texto. Então há público e usos para os dois meios. Entretanto é bom saber que nem todos os livros físicos estão disponíveis no formato digital no Brasil. A adoção de plataformas digitais ainda é muito pequena em comparação aos países mais desenvolvidos. Nos Estados Unidos na maioria das bibliotecas já existe serviço de empréstimos de livros digitais, aqui está só no início, recentemente a biblioteca de São Paulo lançou uma plataforma de empréstimos de livros digitais.
Você como bibliotecária provavelmente já presenciou diversas transformações em pessoas por meio da leitura. Como você define a importância de uma boa biblioteca em escolas, faculdades e espaços como este?
LUANA. Como sou formada em biblioteconomia é difícil não dizer como uma biblioteca é importante. Na minha experiência individual, acho que a leitura tem esse poder de transformar uma pessoa. Eu não seria o que sou hoje se eu não tivesse lido tanto e o quanto eu li e não lesse o tanto e o quanto eu leio hoje em dia. Temos ainda um problema muito grave no nosso país, pois nem todo mundo tem acesso à leitura, nem todo mundo pode comprar um livro. O livro no Brasil é muito caro, mesmo os livros de bolso. Daí a importância das bibliotecas públicas que permitem o acesso de pessoas que não podem pagar por um livro.
Biblioteca Municipal da Câmara Municipal de São Paulo
Dias e Horários de funcionamento
De 2ª a 6ª das 10h00 às 18h30
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