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confira a resenha de um grande clássico do século 20

Atualizado: 8 de jun. de 2022

A obra A Revolução dos Bichos revolucionou a forma como enxergamos nossa sociedade






Autor: George Orwell

Edição: 4ª reimpressão

Ano:2007

Editora: Companhia das Letras

Número de páginas:147

Formato:14x21

Capa: fosca colorida


RESUMO

Numa fazenda no interior da Inglaterra do século XX conhecida como a Granja do Solar de propriedade do Sr. Jones e da Sra. Jones que sobrevivem de criações de porcos e de galinhas, mas há outros animais domésticos como cavalos, cachorros, gatos e até um corvo. Os animais estão descontentes com a vida que levam , sobretudo pela forma cruel que são tratados pelo dono da fazenda e por seus empregados.

O descontentamento levou um dos animais a propor uma rebelião para se libertarem da escravidão pelos homens os quais passaram a ter como inimigos. O líder da rebelião era um porco já idoso conhecido como o Velho Major ou Belo de Willingdon e que era respeitado por todos por ser um porco premiado e saber se comunicar. E foi com esse atributo que ele convocou todos os animais para uma reunião no celeiro onde fez uma espécie de manifesto e ao final entoou uma canção de protesto para unir os animais contra seu maior inimigo: o homem.

Mas o velho porco morreu tempos depois sem conseguir pôr em prática a rebelião. Mas outros animais que estavam engajados em fazer a revolução retomaram a ideia revolucionária legada pelo Velho Major e até elaboraram uma constituição a ser seguida pelos animais quando tomarem a fazenda. Mas muitos animais pensaram em desistir porque temiam perder o sustento que recebiam dos humanos.


Entretanto, a revolução acabou ocorrendo numa revolta dos animais quando o dono da fazenda e seus serventes voltaram de uma bebedeira e deixaram todos os animais sem comer que impelidos pela fome iniciaram um quebra-quebra o que provocou a ira do dono da fazendo que junto com seus empregados partiram para açoitá-los. Os animais reagiram e depois de muita luta, conseguiram expulsar os homens da fazenda.


Os animais se apossaram das terras do Sr. Jones, constituíram uma sociedade baseada nos 7 mandamentos que elaboraram como forma de conduta de todos os animais que ali passaram a conviver. Os porcos Bola de Neve e Napoleão foram os idealizadores dessa nova ordem e naturalmente passaram a liderar o grupo. Esse grupo era grande, mas se destacavam os cães Branca, Lulu e Cata-Vento; os equinos, Sansão, Quitéria e Mimosa e o burro Benjamim; a cabra Maricota; o corvo Moisés e o porco Garganta. Uma constituição foi elaborada e chamada de Animalismo, pela Lei todos os humanos passaram a ser considerados inimigos e precisariam ser extintos e todos os animais seriam iguais e tudo que produzissem seria compartilhado, não admitindo nenhuma forma de privilégios. Tudo que fosse relacionado ao homem deveria ser rechaçado, sua moradia, sua comida e suas roupas, os animais viveriam daquilo que produzissem e viveriam em locais humildes.

Os porcos passaram a se destacar devido a sua capacidade intelectual passando a ditar as ordens e eram obedecidos sem serem questionados e os animais passaram a trabalhar e produzir conforme orientação dos porcos.


Napoleão e Bola de Neve apesar de suas diferenças tocavam a Granja dos Bichos como passou a ser conhecida a fazenda. O clima não era de total harmonia, havia aqueles bichos que trabalhavam para mais e outros para menos, mas sem causar brigas. Mas os animais que pegavam no pesado repararam que o leite e as maçãs estavam sumindo até que descobriram que esses alimentos estavam sendo consumidos pelos porcos e esses por sua vez convenceram os demais animais que eles, os porcos, necessitavam mais daqueles alimentos que os demais bichos e ficou decidido continuar assim.


E não parou nisso, até na questão educacional, somente a família dos porcos tinha acesso, os demais se alfabetizavam dependendo da boa vontade de outros animais, como a égua Quitéria, que apesar de não conhecer todo o alfabeto, ensinava até onde aprendeu.

Houve uma tentativa dos humanos de retomarem o controle da fazenda do sr. Jones porque eles temiam que os animais das outras fazendas vizinhas à Granja dos Bichos sofressem cooptação e pudessem planejar rebeliões semelhantes. Dessa tentativa de invasão da Granja dos Bichos decorreu uma luta feroz com mortos e feridos, mas os animais venceram e os homens bateram em retirada.

Bola de Neve, o cavalo Sansão e uma ovelha que morreu lutando foram condecorados por ato de bravura. Assim Bola de Neve que liderou a resistência ganhou a confiança dos animais, o que causou ciúmes em Napoleão que não foi visto durante a batalha. Com a expulsão dos humanos mais uma vez e sentindo-se vitoriosos, os bichos prosseguiram com sua rotina pela sobrevivência. Mas as dificuldades começaram a surgir e alguns animais que não conseguiram se adaptar àquele novo estilo de vida, buscaram voltar a rotina anterior. Foi o caso da égua Mimosa que abandonou a Granja dos Bichos e foi servir o fazendeiro da Granja Faxwood que lhe tratava com todos os mimos que gostava.

Napoleão e Bola de Neve continuavam a frente dos animais na fazenda tomada só que divergiam em tudo. Certa vez Bola de Neve propôs construir um moinho de vento como forma de diminuir a intensa jornada de trabalho ao qual os bichos eram impostos para darem conta da produção. Napoleão foi veementemente contra, dizendo ser mais necessário aumentar a produção de alimentos do que perder tempo com uma obra que não iria impactar em nada.

Por isso, foi feita uma votação e Bola de Neve com sua oratória conseguiu convencer a maioria dos animais pela construção do moinho de vento. Napoleão não se conformou mais uma vez com a proeminência do amigo. Por isso, se reuniu com seus aliados para tramar contra seu amigo.

E no dia em que Bola de Neve reuniu toda bicharada para prestar conta da construção do moinho que já estava com as obras avançadas, Napoleão se insurgiu contra ele jogando os cães ferozes que ele havia doutrinado. Bola de Neve fugiu para não ser estraçalhado e mesmo com algumas reações contrárias ao ocorrido, Napoleão convence os demais animais que Bola de Neve era um traidor e tudo que falava era a mando dos humanos, principalmente do sr. Jones. E ele dizia ter provas que nunca mostrou.

Assim, Napoleão foi impondo todas as suas vontades mesmo aquelas que contrariavam os 7 mandamentos e o Animalismo, tanto que passou a fazer negócios com os humanos, passou a dormir no casarão com todo conforto enquanto os outros bichos dormiam em colchão de palhas e comiam pouca ração. E sem Bola de Neve que tocava todos os negócios com destreza, as coisas começaram a ficar cada dia piores, até a faltar alimentos e outros recursos e Napoleão aumentou o sofrimento de todos os animais, exceto, dos porcos que ficavam nos melhores alojamentos e comiam do melhor. Até o moinho de vento que ele fora veementemente contra passou a incentivar a construção e convenceu os animais que nunca fora contra a obra só fingiu ser contra, estrategicamente. E a ganância de Napoleão foi só crescendo e para aumentar seus lucros sob orientação de seu advogado humano, o sr. Whymper, deu ordens para que a produção de ovos fosse maior o que causou protestos das galinhas que fizeram greve. Napoleão, como forma de retaliação, cortou as rações das galinhas que não se deram por vencida, então por meio de seu porta-voz, o porco Garganta, decretou a pena de morte para aqueles que contrariassem as ordens dele. As galinhas resistiram por cinco dias, algumas delas morreram, então as demais retornaram ao trabalho. Assim, a Granja dos Bichos conseguiu fazer as entregas dos ovos na quantidade pedida pelos fazendeiros com pontualidade.

E assim se sucedia, se as coisas iam bem, era mérito de Napoleão, se fossem mal, era por culpa de Bola de Neve, que tramava contra eles. Nem todos acreditaram, não havia como provar, mas Napoleão e seu porta-voz, usavam de discurso convincente e a partir de então tudo que ocorria de errado era culpa do Bola de Neve. E Garganta espalhou para todos que Bola de Neve era um agente infiltrado do Jones que desde o início fazia esse jogo sujo. Alguns animais custaram a acreditar, principalmente, o cavalo Sansão que dizia que Bola de Neve fora um herói de guerra na batalha do Estábulo, inclusive se ferira com um tiro do Jones, o que foi explicado por Napoleão como uma farsa, tudo fora combinado. E mais uma vez, os animais foram convencidos do discurso do camarada Napoleão e de seu assessor Garganta.

Mas os líderes porcos ficaram inseguros com alguns desses bichos que ficavam contestando o que eles diziam, e a esses, Napoleão mandava seus cães executar impiedosamente. Nem os próprios porcos insurgentes eram poupados.

E para colocar mais terror nos bichos naquela mesma noite, Napoleão mandou executar todo bicho que tivesse feito algo que segundo ele configurava crime gravíssimo. Mesmo atordoados com tamanha crueldade do líder Napoleão , os animais achavam que a vida deles estava melhor daquele jeito do que como era antes no tempo dos humanos.

Até o hino Bichos da Inglaterra que marcou a revolução dos bichos foi extinto, segundo os líderes não fazia mais sentido pois a finalidade da rebelião havia sido alcançada e eles viviam numa sociedade melhor.

Os acordos de Napoleão com os humanos das granjas vizinhas só prosperavam e até então era por intermédio de seu advogado, o sr. Whymper, mas aos poucos o líder da Granja dos Bichos criava intimidade com os homens, contrariando o Animalismo que proíbe aproximação com humanos. Mas Napoleão sempre dava um jeito de deixar os mandamentos conforme lhe convinha contando sempre com a falta de cultura da maioria dos bichos.

Devido a um negócio escuso de Napoleão com um dos fazendeiros da granja vizinha, o sr. Frederick, este reuniu seus empregados e fortemente armados tentaram invadir a granja e destruíram tudo que puderam, inclusive o moinho de vento que fora construído e reconstruído, praticamente, só com a dedicação do cavalo Sansão. E graças ao velho cavalo, com sua força e determinação descomunal, juntamente com outros animais, sem a participação direta dos porcos, que eles reagiram com fúria ao ataque. Muitos animais morreram, mas eles conseguiram expulsar mais uma vez os homens.

E como era de costume, os porcos que pouco fizeram no combate, tomaram para si todo o mérito e Napoleão batizou a batalha como A Batalha do Moinho Verde e ele recebeu a comenda por bravura e tudo fora esquecido, inclusive o motivo do ataque do fazendeiro, já que eles tinham ficado muito amigos com os negócios que vinham fazendo.

A vida dos animais não melhorava, cada dia trabalhavam muito e comiam pouco, mesmo assim achavam que a vida deles estava melhor do que no tempo do Jones. Os porcos estavam cada vez mais distantes dos outros animais, tinham seus aposentos mais confortáveis, ração nunca faltava e até os porquinhos tinham escolinha para se educarem e quem fazia isso, Napoleão.

Sansão prosseguia com sua vontade de reconstruir o moinho e dedicava todo seu tempo e força para carregar pedras. Mas ele já não tinha a mesma vitalidade de anos atrás, andava muito cansado e já pensava na aposentadoria. Na Granja dos Bichos todos os animais tinham uma idade determinada para se aposentar, apesar de nenhum deles ter se aposentado ainda.

E Sansão dizia a todos que sonhava com esse momento em que ganharia um lugar melhor para ficar e teria mais ração, conforme os mandamentos pregavam. Mas antes queria entregar o moinho e assim fazia, trabalhava sempre mais, como era seu lema, até que um dia, Benjamim o viu caído entre as pedras que carregava para a construção do moinho.

Rapidamente, foi avisar os demais animais e pedir ajuda. Quitéria foi a primeira a chegar.

Todos os animais ficaram desesperados com a situação deplorável do Sansão. Horas depois, chegou Garganta, representando os porcos e disse que Napoleão tomara conhecimento do que ocorrera com Sansão e que iria levá-lo para ser tratado na cidade. Os animais não gostaram da decisão. Não confiavam nos homens, mas como era comum, foram convencidos de que os homens iriam tratar bem do amigo deles numa clínica veterinária.

No dia que os homens vieram buscar Sansão foi num momento em que todos os animais estavam no campo trabalhando, mas o corvo Moisés que voltava para o rancho depois de dias ausente, viu um carroção chegar e pegar Sansão e correu para avisar os demais animais, que abandonaram os porcos e foram ver.

Benjamim que lia melhor do que os demais bichos, leu no carroção os dizeres MATADOURO DE CAVALOS e alertou a todos que correram atrás do carroção, avisaram Sansão que mesmo sem força tentou escapar, mas não conseguiu e foi levado para seu destino. Depois desse dia, o cavalo nunca mais voltou.

Os porcos foram questionados do paradeiro de Sansão e Garganta disse que mesmo sendo bem tratado numa clínica caríssima em que Napoleão não poupou dinheiro para gastar com os remédios e tudo o mais, Sansão não teria resistido.

Mas Garganta foi questionado sobre os dizeres no carroção que levara o amigo deles de que não se tratava de uma clínica e sim de um matadouro de cavalos. De pronto, Garganta chamou todos de ignorantes dizendo que aqueles dizeres deveriam ter sido apagados pelo dono da clínica que acabara esquecendo quando comprou aquele carroção de um antigo matadouro. E mais uma vez, convenceu os bichos.

Os anos se passaram, muitos animais envelheceram e outros morreram. Da época da Revolução sobraram Quitéria que ficou gorda e adquiriu cataratas e Benjamim que ficou ainda mais ranzinza; Napoleão virou um porco cachaço com mais de 150 quilos e Garganta não ficou longe disso. Sabia-se que até o sr. Jones havia morrido num asilo para alcoólatra.

Os outros animais novos continuavam na mesma ignorância, embora, Quitéria se esforçasse em tentar alfabetizá-los, os mais esforçados não conseguiam passar da letra B. Mas a granja prosperou, cresceu, mais casas foram construídas, o moinho de vento foi concluído e os animais eram sacrificados na construção de um novo moinho e nenhum deles era usado para geração de energia elétrica e sim para a produção de alimentos que dava mais dinheiro. Dinheiro esse que os bichos nunca viam pois continuavam pobres, somente os porcos e os cães enriqueceram e o advogado que antes andava numa velha bicicleta, comprou uma linda charrete.

Um dia, de repente, os animais ouviram um relinchar estridente vindo do casarão. Era Quitéria que parecia apavorada com o que via. E aos poucos, um a um dos animais foram se aproximando curiosos com a gritaria e todos ficaram perplexos com o que viram: Garganta desfilava no pátio do salão sobre duas patas. Não tinha muita firmeza devido à falta de costume e ao seu peso, mas andava e logo depois, surgiu todo majestoso, Napoleão, com olhar de arrogância sobre os demais animais, os olhando de cima para baixo, andando como um humano, sobre duas patas.

Os porcos e os convidados humanos se sentaram numa enorme mesa e pareciam brindar. O sr. Pilkington, dono da granja Faxwood, falou em voz alta que estava abismado com a evolução daquela granja que havia feito uma grande inspeção e chegou à conclusão de que estavam errados com o preconceito que tinham da Granja dos Bichos e vendo que ali havia ração de menos para os animais e muito trabalho, iria levar o mesmo método para sua fazenda.

Napoleão e o Sr. Pilkington brindaram mais vez e voltaram a jogar cartas, mas num dado momento, começaram uma briga violenta, em que um acusava o outro de trapacear no jogo. Os animais que assistiam de fora toda aquela briga, olhavam intensamente para o porco e para o homem, para o homem e para o porco, para o porco e para o homem, até que num dado momento, não sabiam dizer quem era homem, quem era porco.

CONCLUSÃO


Eric Arthur Blair pseudônimo George Orwell nasceu na Índia Britânica em 1903 e sua morte ocorreu em 1950 em Londres, Reino Unido. Foi jornalista, ensaísta político e locutor de rádio. Lutou na Guerra espanhola pelo exército trotskista ou republicano onde foi combatente voluntário. Foi dessa experiência que lhe veio a inspiração para escrever um de seus maiores clássicos que aqui foi resumido. Esta obra faz uma comparação com a revolução russa que segundo ele declarou em seu prefácio foi deturpada e transformada num regime totalitário. Mas suas críticas se estendiam a todos países de regime totalitários seja Esquerda ou Direita.[DA1]

No posfácio escrito por Christopher Hitchens, escritor e crítico literário, britânico-americano, em 2006, baseado no prefácio de autoria de George Orwell, há uma brilhante análise sobre as inspirações que levaram à criação desta obra. A Revolução dos Bichos levou seis anos para ser concluída e George Orwell quase morreu num ataque à bomba nazista num quarto de seu apartamento em Londres no início da Segunda Grande Guerra. Mas o livro foi concluído. Porém, sua divulgação e distribuição sofreram vários reveses. Por ser um texto essencialmente político, sofreu perseguições por autoridades diversas e teve até parte da história cortada pela CIA.[DA2] Em países de extrema esquerda e autoritários esse livro ainda é proibido nos dias atuais. Casos de Coreia do Norte, China e outros onde não há regime democrático.



O prefácio escrito pelo autor não saiu nas primeiras publicações da obra porque a URSS exercia grande influência sobre a Inglaterra. Stalin era respeitado como um semideus devido ser um aliado crucial dos britânicos contra o nazismo. George Orwell fazia críticas veementes ao regime russo e sobretudo ao líder máximo Stalin por seus crimes contra opositores e por desvirtuar, segundo o autor, os objetivos nobres do Socialismo.

Encerro essa resenha deixando dois dizeres do autor, um deixa claro qual era o objetivo de sua obra e o outro é uma referência a um dos primeiros acordos entre as grandes potências no pós-guerra por ser uma questão que na época já preocupava e ainda está presente nos dias atuais.


`Não quero comentar a obra, se ela não falasse por si mesma, é porque fracassou`.


`Conferência de Teera. Tratado sobre a relação da União Soviética com o Ocidente`.





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