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O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA É UMA FICÇÃO COM TEMPEROS DE REALISMOS TRÁGICOS


A obra O amor nos tempos do cólera foi publicada pela primeira vez no ano de 1985 por Gabriel José Garcia Márquez nascido na Colômbia em 06 de março de 1927 falecendo em 17 de abril de 2014. O tema central da história é o amor, o amor entre duas pessoas, algo tão comum, tão humano, tão corriqueiro, tão normal. Mas perdoem minha ironia, quem já leu esta obra sabe que não se trata de um amor como outro qualquer, talvez até exista história assim na vida real, embora esta mesma história tenha sido inspirada pelos pais do autor, entretanto, ela se destaca pela obsessão de um homem pelo amor de uma mulher que ele conheceu ainda na adolescência, mantém um contato intimo por meio de cartas, dezenas, centenas e milhares de cartas que poderiam facilmente compor um livro muito volumoso, mas sem se tocarem, sem emitir uma única palavra um para o outro, sem sentir o perfume, o hálito, nada, tudo muito platônico. Esse amor perdura por mais de meio século desta forma distante e cada um seguindo sua vida normal, ela se casando, tendo filhos e netos, seguindo sua trajetória na sociedade e ele, solteiro, mas com muitas aventuras amorosas, sem nunca se interessar em casar-se, ter filhos, uma família. Não. Nada disso. Seu grande amor era Fermina Daza, sua inspiração, sua musa, a mulher com quem queria se casar nem que para isso levasse toda sua vida, ele iria esperar esse momento que só dependia da amada.

Fermina Daza era uma mulher inteligente e de um forte temperamento, tomava suas decisões sem medo das consequências, era autêntica, assim tornou-se objeto de disputa entre dois homens completamente diferentes entre si. Um era um poeta lúgubre, sem emprego fixo, muito discreto e de hábitos excêntricos, o outro, era médico, uma pessoa racional e muito bem-sucedida na vida social e econômica. Assim, conquistou a simpatia do pai da moça, um homem ambicioso, Lorenzo Daza, que desejava dar a filha um casamento de interesse.

Fermina só não esquece Florentino Ariza, talvez, por influência de uma prima solteira do interior, Hidelbranda, que mantinha uma paixão proibida por um homem casado e se solidariza com o amor desesperado daquele poeta.

Florentino torna-se um empresário de sucesso no ramo fluvial para sentir-se digno de conquistar o amor de Fermina e roubá-la do não menos bem-sucedido dr. Juvenal Urbino. Sanitarista e personalidade do mundo científico e cultural de São João da Ciénaga, com inúmeros títulos e um excepcional legado cívico para a cidade portuária. Florentino desejava sua morte que, em sua loucura de poeta extremamente romântico, libertaria sua amada. Fato que ocorre na velhice do rival num acidente doméstico. Foram cinco décadas de espera. Cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias bem frisados pelo autor.

O que torna essa história de amor um clássico é por se tratar de um romance que transpassa o tempo e desafia suas possibilidades na velhice. Seria tarde para o sexo? Florentino Ariza teve inúmeras amantes e noites de amor intensas, mas jamais o desfrutou com intensidade ao lado da mulher que mais amou na vida. Os dois finalmente têm o encontro tão esperado, ela, agora uma viúva com problemas herdados de sua vida social complexa e ele um bem-sucedido empresário do ramo fluvial o que lhe possibilitou dar segurança a uma mulher nas condições da amada numa sociedade radicalmente conservadora do início do século XX. Fermina Daza está com 72 anos e ele com 76, passam a ter encontros inicialmente pudicos como dois adolescentes tímidos e depois saem numa viagem marítima num navio de propriedade de Florentino vivendo um intenso amor com direito a tudo que um homem e uma mulher podem oferecer um ao outro.

Esse clássico da literatura Universal foi ambientado no final de um século muito atribulado não só pelas transformações sociais e econômicas, mas por incontáveis guerras e pestes que tiraram a vida de milhões de pessoas, principalmente, dos mais pobres pelas razões mais óbvias. No entanto, mesmo atualmente com tantas transformações e evolução na área de comunicação como a Internet, a televisão e outros meios de informação, acabamos de passar por mais uma peste e apesar disso tudo, houve milhões de mortes e muitas poderiam terem sido evitadas não fossem ainda as manipulações políticas e ganâncias de grandes grupos econômicos, mas também pela ignorância alimentada por aqueles que apostavam na desinformação das pessoas pelos mais variados interesses. Desta forma, a obra O Amor nos tempos do Cólera nos faz refletir para onde caminhamos nesses cem anos que separam essa bela história de amor que fora as realidades trágicas abordadas no livro, torna a obra inesquecível.


O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA

Autor: Gabriel Garcia Marques

Tradução: Antônio Callado

Prefácio: Alexandre Martins

Editora: Record

Edição:28° Edição

Ano: 2006

Pag. 429

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