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Guimarães Rosa: um escritor que inovou a linguagem literária brasileira

Atualizado: 1 de abr.


João Guimarães Rosa nasceu em 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, no estado de Minas Gerais. Ele estudou medicina na cidade de Belo Horizonte e se tornou médico em 1930. O autor também exerceu carreira diplomática e viveu na Alemanha entre 1938 e 1942. Publicou seu primeiro livro de contos, Sagarana, em 1946; foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1963, mas só tomou  posse em 16 de novembro de 1967. Três dias depois, em 19 de novembro de 1967, o contista e romancista faleceu, no Rio de Janeiro. O livro  Grande Sertão: Veredas foi publicado em 1956, é um longo romance com mais de 600 páginas e é considerado uma das mais significativas obras da literatura brasileira. Guimarães Rosa é um autor da terceira geração do modernismo ou pós-modernismo que durou de 1945 a 1970.

 O romance Grande sertão: veredas relata a história de Riobaldo. O fazendeiro Riobaldo  relembra o seu tempo de juventude. Ele participou de uma guerra entre jagunços no sertão mineiro quando integrava o bando de Zé Bebelo. Depois, se juntou aos jagunços de Joca Ramiro, quando conheceu  Diadorim. Os chefes que compunham o seu bando, além de Joca Ramiro, havia os impiedosos Ricardão e Hermógenes que eram inimigos declarados de Zé Bebelo o qual acusava de ser aliado do governo. No entanto, quando Zé Bebelo foi capturado pelo bando, recebeu o apoio de Joca Ramiro e foi solto com vida o que desagradou a Hermógenes e Ricardão que numa emboscada assassinaram Joca Ramiro. Riobaldo não sentia admiração por Hermógenes e quando soube da traição, se juntou ao bando de Zé Bebelo, juntamente com Diadorim, que era filho do chefe assassinado.  Decidiram se vingar dos dois traidores. Ricardão foi o primeiro a ser morto antes de Hermógenes. Mas, até lá, os laços de amizade entre Riobaldo e Diadorim se fortaleceram. Desse modo, a travessia do sertão e os combates servem de pano de fundo para uma história de amor entre Riobaldo e Diadorim (também chamado de Reinaldo). Porém, Riobaldo vive o conflito de estar apaixonado por um homem. Ele não sabe que, Diadorim, na verdade, é uma mulher que se faz passar por homem. A descoberta só acontecerá no fim do romance, de forma que, em grande parte da narrativa, Riobaldo experimenta a paixão por um homem. O desejo que Riobaldo sente por Diadorim permanece apenas no campo platônico, pois é impossível de se realizar em um meio violento e machista como o dos jagunços. Aliás, Diadorim só é respeitado porque todos acreditam que ela é um homem. Diadorim, desde criança, se vestia de homem e já se chamava Reinaldo. Aliás, só a Riobaldo era permitido chamar Reinaldo de Diadorim, na intimidade entre os dois. Para fugir do desejo que sente, Riobaldo ocupa sua mente com Nhorinhá e Otacília. Assim, quando Riobaldo se relaciona sexualmente com a prostituta Nhorinhá, Diadorim sente ciúmes, mas não pode ainda revelar seu segredo. Isso, no entanto, não elimina o forte desejo que Riobaldo sente pelo amigo. Nem Otacília, com quem o jagunço pretendia se casar, tem o poder de desfazer o amor entre os dois amigos, além dessas questões  morais em torno de sua sexualidade, Riobaldo precisa conviver com outro conflito, também de caráter universal: a luta entre o bem e o mal. Afinal, Riobaldo acreditava ter feito um pacto com o diabo para fechar o corpo e, assim, se proteger das balas de seus inimigos. Mas essa história de amor impossível entre os dois amigos acaba em tragédia, pois Diadorim morre em seu embate final contra Hermógenes. Riobaldo então descobre que o nome verdadeiro de Diadorim é Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins.


O livro possui um narrador-personagem, que é o protagonista da história, isto é, o ex-jagunço Riobaldo. O livro apresenta caráter experimental, de forma que não possui divisão por capítulos. Ele pode ser considerado um extenso monólogo do personagem Riobaldo. Apresenta fluxo de consciência, além de uma narrativa fragmentada. Mas, principalmente, sobressai nela a experimentação no campo da linguagem, uma característica própria do autor, em cujas obras é possível perceber a presença de neologismos, estrutura narrativa não tradicional e regionalismo atrelado a temas universais. Ele  fundiu nesse romance elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento para criar uma obra única e inovadora.

 

A importância de Grande Sertão: Veredas para a literatura universal, sobretudo brasileira , é incontestável. A obra une temas de amor e guerra, tendo como inspiração o jaguncismo no sertão do Brasil em meio às mudanças trazidas pelo progresso. Em suma, é um livro riquíssimo pela criatividade e densidade ao narrar uma aventura existencial, psicanalítica, metafísica e sociopolítica sem igual na literatura brasileira.  

 

 

Dados da livro

Obra:  Grande sertão: Veredas

Autor: João Guimarães Rosa

Ano: 2006

Edição:

Páginas: 607

Formato:  140x210

Tema: Regionalismo

Prefácio:

Nota preliminar:  Nota do editor



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