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CRIME E CASTIGO, DOM CASMURRO E AS FÁBULAS

Atualizado: 12 de set. de 2022

CLÁSSICOS DA LITERATURA MUNDIAL QUE SE ETERNIZARAM NO IMAGINÁRIO DO LEITOR


CONFIRA






Nesta edição do blog, foram selecionadas algumas das grandes obras que foram consideradas clássicos da literatura mundial. Mas o que é necessário para uma obra ser considerada como um clássico literário? Segundo Eagleton, filósofo e crítico literário britânico, a literatura é um exercício simbiótico entre a própria obra e a utilização que a sociedade faz desta, cabendo aos indivíduos atribuir ou não valor literário aos textos, elegendo, dentre os que são considerados literatura, os grandes clássicos. Vamos começar pelas obras do período do Realismo de Machado de Assis e de Dostoiévski e em seguida as fábulas que se tornaram clássicos eternizados no imaginário do leitor de todas as idades.


CRIME E CASTIGO de Fiódor Dostoiévski – publicado em 1960. Certamente, esta é uma das obras mais clássicas de Dostoiévski que conta a história de Raskólnikov – um jovem estudante, pobre e aflito que fica vagando pelas ruas de São Peterburgo até cometer um crime. Um dos principais momentos do livro acontecem quando o protagonista tenta justificar seu erro sustentado pela teoria de que os grandes homens da história, como Napoleão ou César, foram assassinos absolvidos. Intenso e contagiante, o leitor fica literalmente envolvido para compreender e relacionar os personagens que lutam para preservar a dignidade contra as diversas formas de tirania.


DOM CASMURRO de Machado de Assis – publicado em 1899. Um dos maiores enredos da história da literatura universal, a obra tem o poder de transitar por todos os públicos. Machado de Assis escreveu o romance em que Capitu, a menina “dos olhos oblíquos e dissimulados” e “de olhos de ressaca”, nos deixa um eterno suspense – até hoje indecifrável! Apesar de o autor ter se dedicado em dar pistas e insights aos leitores sobre o grande mistério do livro, a alma da personagem é até hoje “um labirinto sem saída” entre os episódios, personagens e sensações.


AS FÁBULAS


A bela e a fera (1740), por Gabrielle-Suzanne Barbot A versão do conto que se popularizou é uma adaptação feita por Jeanne-Marie LePrince de Beaumont em 1756, e fala sobre a relação entre uma criatura (a fera) que se apaixona por uma jovem (a bela). Ao ter seu amor correspondido, a criatura fica livre de um feitiço que a transformara em um monstro e volta finalmente à sua forma humana.


A bela adormecida (1634) de Giambattista Basile. O primeiro registro escrito do conto é de autoria de Giambattista Basile e foi publicado em 1634. A obra foi adaptada por Charles Perrault (em 1697), e depois pelos irmãos Grimm (em 1812). A versão do conto que se popularizou foi a dos irmãos Grimm. A adaptação conta a história de uma princesa que, quando bebê, é amaldiçoada. De acordo com o feitiço, aos 16 anos a jovem furaria seu dedo, cairia em um sono profundo e só despertaria com um beijo de amor. O feitiço se desfez assim que a princesa foi beijada por um príncipe.


Branca de neve e os sete anões (1634) de Giambattista Basile. É um conto alemão do século XIX, cujo primeiro registro escrito é de Giambattista Basile. A versão mais popular foi uma adaptação publicada pelos irmãos Grimm, em 1812. O conto relata a história de uma bela jovem cuja beleza é invejada por uma madrasta que tenta matá-la. A jovem Branca de neve se esconde na floresta, na casa de 7 anões, mas é descoberta e acaba por comer uma maçã enfeitiçada que recebe da madrasta. A fruta a faz engasgar e desfalece. Tida como morta, foi colocada em um caixão. Enquanto era transportada, sofreu um solavanco e o pedaço de maçã se desprendeu de sua garganta. Assim, voltou a respirar. A versão mais popular do conto é uma adaptação de 1617, feita para um desenho animado. Nessa história, a maçã envenena a jovem e faz com que ela adormeça em um sono profundo. O feitiço só termina quando a moça é beijada por um príncipe.


Cinderela (1634). Também conhecido como A gata borralheira, a primeira versão literária do conto foi publicada por Giambattista Basile, em 1634. As versões escritas mais populares são a de Charles Perrault, publicada em 1697, e a dos irmãos Grimm, de 1812. Cinderela foi impedida de participar de um baile realizado por um príncipe, pois sua madrasta queria que o rapaz notasse as filhas dela, e receava que a beleza da jovem chamasse mais atenção. Conseguiu comparecer graças a uma fada madrinha, mas teve de sair de lá às pressas e deixou ficar para trás um de seus sapatos. Ao achá-lo, o príncipe percorreu toda a região até finalmente encontrar a jovem. Eles se casaram e viveram felizes para sempre.


Chapeuzinho vermelho (1697). A primeira versão impressa do conto foi publicada por Charles Perrault, em 1697. No entanto, a versão mais popular é uma adaptação realizada pelos irmãos Grimm, em 1857. A obra conta a história de uma menina que usa uma capa com capuz vermelho e passeia pela floresta a caminho da casa de sua avó. Durante o trajeto, ela é interceptada por um lobo. Ele descobre onde a avó da menina mora e segue diretamente para lá, a fim de devorá-la. Quando Chapeuzinho chega ao local, também é devorada pelo lobo. Ambas são salvas por um caçador que percebe a presença do lobo na casa e corta a barriga do animal, libertando assim as duas vítimas.


João e Maria (1812). O conto é de origem oral alemã e foi publicado pelos irmãos Grimm, em 1812. Trata-se da história de dois irmãos que foram abandonados em uma floresta. Ao tentarem voltar para casa, João e Maria decidiram que seguiriam as migalhas de pão que tinham espalhado para marcar o caminho. No entanto, tais migalhas haviam sido comidas pelos pássaros. Os irmãos se perderam e acabaram por se deparar com uma casa feita de doces e biscoitos. Como estavam caminhando há bastante tempo sem comer nada, devoraram um pedaço da tal casa. Nela, foram acolhidos por uma senhora aparentemente gentil, que inicialmente os tratou bem. Algum tempo depois, descobriram que a tal senhora era, na verdade, uma bruxa que os tinha acolhido com a intenção de devorá-los. Em um momento de distração da bruxa, empurraram-na para dentro de um forno em chamas. Depois de se livrarem dela, os irmãos fugiram e finalmente encontraram o caminho de volta para casa.


O patinho feio (1843). O conto, de origem dinamarquesa, foi escrito por Hans Christian Andersen e publicado pela primeira vez em 1843. A obra conta a história de um filhote de cisne que foi chocado em um ninho de patos. Como era diferente dos demais, foi zombado e perseguido por todos. Cansado de tanta humilhação, resolveu ir embora. Durante o seu percurso, foi maltratado em todos os lugares por onde passou. Certa vez, foi acolhido por camponeses, mas o gato da família não reagiu bem à sua presença e ele teve de ir embora. Um dia, viu um grupo de cisnes e ficou deslumbrado com a beleza deles. Ao se aproximar da água, viu seu reflexo e percebeu que tinha se tornado uma belíssima ave e que, afinal, não era um pato diferente, mas sim um cisne. Desde então, passou a ser respeitado e se tornou mais belo do que nunca.


O gato de botas (1500). O conto teve origem oral e foi publicado pela primeira vez pelo italiano Giovanni Francesco Straparola, em 1500. Ao longo dos anos, a obra passou por adaptações. As mais famosas foram escritas por Giambattista Basile (1634), por Charles Perrault (1697) e pelos irmãos Grimm. O conto relata a história de um gato falante que foi recebido por um jovem rapaz como parte de uma herança. Ao questionar o que faria com o animal, foi surpreendido ao perceber que o próprio gato estava respondendo sua pergunta. O felino disse que se recebesse um par de botas, um chapéu e uma espada, faria de seu dono um homem rico. Devido a algumas artimanhas, o rei acaba convencido a conceder a mão de sua filha ao dono do gato de botas.


Rapunzel (1698). O conto foi escrito originalmente por Charlotte-Rose de Caumont de La Force e publicado em 1698. Em 1815, foi adaptado pelos irmãos Grimm. Na obra, o pai de Rapunzel rouba rabanetes da plantação de uma bruxa vizinha para satisfazer os desejos de gravidez de sua esposa. A bruxa o pega em flagrante e decide que só irá perdoá-lo pelo roubo se a criança for oferecida a ela após o nascimento. Rapunzel é então criada pela bruxa e vive anos isolada em uma torre. O único acesso ao local dá-se quando a jovem joga seus longos cabelos através de uma janela, para que eles sirvam de corda. Ao passar pelo local, um príncipe que costuma ouvir a voz de Rapunzel descobre como chegar até ela. Os dois se apaixonam e após uma série de obstáculos, conseguem ficar juntos. Na história original, Rapunzel dá à luz um casal de gêmeos. Nas adaptações feitas para desenhos animados e filmes, essa parte do conto não foi contemplada.


A pequena sereia (1837). O conto foi escrito pelo dinamarquês Hans Christian Andersen e publicado em 1837. A pequena sereia é assim chamada por ser a mais jovem das filhas de Tritão, o rei dos mares. O conto relata a história de uma sereia que ao cumprir 15 anos, tem a permissão do pai para subir até a superfície. Ao chegar lá, avista um príncipe em um barco e se apaixona por ele. Ao voltar para o fundo do mar, procura a Bruxa dos mares, que faz um feitiço para dar à sereia um par de pernas. Em troca, ela pede a voz da jovem. No conto original, o príncipe se casa com outra pessoa e a sereia se transforma em espuma no mar. No entanto, na versão mais popular do conto (uma adaptação feita para um desenho animado), a sereia e o jovem ficam juntos.


Os três porquinhos (1886). “Os três porquinhos” é um conto de autoria anônima, cujas primeiras versões impressas foram publicadas em 1886, por James Orchard Halliwell. A obra original conta a história de três porquinhos irmãos que tiveram de deixar a casa da mãe para ganhar o mundo. Logo, os três tiveram de construir suas próprias casas. Cada irmão optou por um material: o primeiro utilizou palha; o segundo utilizou pedaços de madeira, e o terceiro, tijolos. Ao dar conta da presença dos porquinhos, o lobo pediu para entrar na casa de palha. Como não teve seu pedido atendido, soprou, soprou até a casa se desfazer e, em seguida, devorou o porquinho. O mesmo aconteceu com a casa de madeira e o segundo porquinho também foi devorado. Como não conseguiu derrubar a casa de tijolos, o lobo resolveu descer pela chaminé. Na descida, acabou por cair em um caldeirão que estava bem embaixo na saída e morreu na água extremamente quente. O porquinho sobrevivente aproveitou a oportunidade e fez uma sopa com o que restou do lobo. Ao longo do tempo, a história ganhou diferentes versões. No conto que se tornou mais popular, o porquinho da casa de palha foge para a casa de madeira de seu irmão e, depois, ambos fogem para a casa de tijolo do irmão mais velho depois de terem suas casas destruídas. Assim, todos conseguiram se salvar.


O pequeno Polegar (1697. De origem desconhecida, a obra foi publicada pela primeira vez por Charles Perrault, em 1697. O pequeno Polegar é o caçula de sete filhos de um casal de lenhadores, e recebeu esse apelido pois tinha aproximadamente o tamanho de um dedo polegar. No conto, os pais do pequeno Polegar passavam por dificuldades financeiras e decidiram abandonar os filhos em uma floresta. Polegar e seus irmãos se depararam com a casa de um Ogro que devorava crianças e, sem alternativa, passaram a noite por lá. Apesar de a criatura ter tentado devorá-los, graças à esperteza do pequeno Polegar, eles conseguiram se salvar e fugiram assim que o dia amanheceu. Não satisfeito, o Ogro calçou suas botas mágicas, as botas das sete léguas, e foi atrás dos irmãos. Muito cansado, parou para descansar e acabou por pegar no sono. Nesse momento, os irmãos conseguiram escapar e o Pequeno Polegar descalçou o Ogro e calçou as botas mágicas em seus próprios pés. Assim, o pequeno Polegar trabalhou algum tempo como correio do Rei. As botas mágicas o ajudavam a se deslocar entre um local e outro mais rapidamente. Com isso, ele ganhou muito dinheiro e pode ajudar sua família a se recuperar financeiramente. Os irmãos Grimm fizeram uma adaptação do conto que se tornou tão popular quanto a história original.


Como vimos, esses clássicos, embora tenham sido escritos em épocas bem distantes, ainda despertam o interesse e o fascínio de todo o tipo de público, permanecem atuais em seus apelos humanitários de compreensão do semelhante contribuindo para o desenvolvimento de um mundo melhor. Certamente, um dos fatores para essa imortalidade das obras está em sua linguagem, no caso dos romances, da sincronia entre a ficção e a realidade, embora com textos um pouco complexos, mas no caso das fábulas, a utilização de uma linguagem simples, facilita o entendimento.





Obra: CLÁSSICOS DA LITERATURA UNIVERSAL

Autor: Carla Muniz: Professora, lexicógrafa, tradutora, produtora de conteúdos e revisora. Licenciada em Letras (Português, Inglês e Literaturas) pelas Faculdades Integradas Simonsen, em 2002 e formada em 1999 no Curso de Magistério (habilitação para lecionar na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I).

Fonte: https://blog.estantevirtual.com.br/

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