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BUDAPESTE DE CHICO BUARQUE

UM MERGULHO NA LINGUAGEM MULTICULTURAL



Francisco Buarque de Holanda, mais conhecido como Chico Buarque, é um cantor, compositor, dramaturgo, escritor e ator brasileiro. Nasceu no Rio de Janeiro em19 de junho de 1944 na cidade do Catete. Foi casado com a atriz Marieta Severo de 1966 a 1999 e atualmente seu cônjuge é Carol Proner, desde 2021. O livro Budapeste conta a história de José Costa, um escritor que sobrevive como ghost writer, ou seja, um autor anônimo que escreve para outros autores, teve sua vida transformada quando retornava de um encontro de escritores anônimos ocorrido em Istambul, Turquia, quando seu voo é interrompido por problemas técnicos e ele é obrigado a permanecer em Budapeste temporariamente. Essa breve estadia mudou sua vida completamente. É um livro rápido de ler, com 176 páginas, em formato americano . Quem leu a obra vai perceber uma descrição semelhante do livro de Zsose Kósta, uma espécie de alter ego de Chico Buarque, o que pode levar algum leitor a desconfiar se tratar de uma autobiografia. A obra apresenta características marcantes do período pós moderno, que deu início em 1945 e se consolidou em 1989, na narrativa de Budapeste presentes nas atitudes do personagem principal em busca de uma identidade, de suas idas e vindas caracterizando ausência de valores e regras, imprecisão, individualismo, no texto do próprio autor fazendo uso explícito da liberdade de expressão com linguagem do cotidiano, palavrões e tantos mais, além de uma mistura do real e do imaginário vivido pelo autor-personagem.

Budapeste

José Costa narra passagens de sua vida e de suas aventuras e desventuras como um ghost writer, profissão que exerce na agência cultural Cunha &Costa em que é sócio e amigo do proprietário Álvaro Cunha. É casado com uma apresentadora de telejornal de nome Vanda. Devido à solidão a que se submete no seu "quartinho" na agência aonde passa horas e horas escrevendo artigos, discursos políticos, declarações, notas e livros, alcançando boa notoriedade dos clientes, sua vida começa a ficar monótona e ele entra numa certa depressão e baixa estima, o que o leva a fazer reflexões sobre sua carreira e vida social. Decide participar de um encontro de escritores anônimos em Istambul, na Turquia, na volta seu avião é obrigado a fazer uma parada para reparos na cidade húngara de Budapeste. No pernoite naquela cidade do leste europeu, sentiu uma atração pela língua falada chamada magiar a ponto de se interessar em dominar aquele idioma, como se fosse um desafio em sua vida. Assim conhece Krista, professora nativa que passou a lhe ensinar a língua húngara. De volta ao Rio de Janeiro, descobre que Vanda havia engravidado e daria à luz Joaquinzinho. Álvaro, seu sócio e amigo da agência, começa a cobrar de José Costa um livro que estava escrevendo para um alemão de nome Kaspar Krabbe, um rico executivo que veio de Hamburgo, cidade da Alemanha e se instalou na Guanabara, Rio de Janeiro. Aprendeu o idioma brasileiro de uma forma exótica, escrevendo no corpo de uma namorada brasileira de nome Tereza e depois nos corpos de prostitutas. O livro O ginógrafo, escrito por José Costa e assinado pelo alemão, se torna um sucesso editorial e o sucesso foi tanto que Vanda, sua esposa, acaba por se apaixonar pelo alemão, pelo menos foi isso que ele entendeu em sua rica e conturbada imaginação. Decide abandonar tudo no Brasil e retornar para Budapeste e lá cai nos braços de Krista e logo passa a viver com ela e o filho dela, Pisti. E quando domina o idioma magiar, começa a escrever versos como ghost writer para um poeta decadente de nome Kocsis Ferenc, Tercetos Secretos. Zsoze Kósta, como passou a ser chamado por Krista, assim como o José Costa brasileiro, vive altos e baixos em sua nova relação e assim como Vanda, ele rompe com Krista por esta ter desqualificado seu poema. O personagem-narrador é denunciado como imigrante ilegal e recebeu um prazo para deixar a Hungria, retornou para a casa de Kriska, imaginou que seria rechaçado pela amante, mas ela o recebeu de volta. Passaram bons momentos juntos até o fim do prazo das 48 h para sair da Hungria. De volta ao Brasil e sem família ou dinheiro, perambulou pelas ruas e praias da cidade do Rio de Janeiro, desolado por sua precária situação, devendo a estadia do apartamento, sabedor que logo seria desalojado e até processado por falta de pagamento. Ele recebe uma chamada telefônica e desta vez decide atender, sentiu que não eram seus credores, ele atende e para sua surpresa era do consulado húngaro. Havia ganhado, de uma importante livraria da Hungria, passagens de volta à Budapeste. O livro de poesia que escrevera para um poeta húngaro explodiu em vendas e como o autor verdadeiro era ele e a livraria gostaria de uma nova edição, o poeta húngaro confessou a verdadeira autoria da obra. De volta à Budapeste, ele reata com Kriska e logo percebe que esta esperava um filho dele. José Costa se torna um autor renomado na Hungria e agora tem uma nova família em Budapeste.

O tipo narrativo adotado em Budapeste cria a confusão de tempo e espaço, uma vez que as marcas temporais estão praticamente ausentes e o espaço é amplificado, detendo-se a importância no próprio discurso. A história é contada na perspectiva de um narrador-personagem que passa por “idas e vindas” tanto no plano do tempo como do espaço. Ao analisarmos a construção linguística de Budapeste observamos que há na escolha das expressões uma carga semântica voltada para ausência.

A obra de Chico Buarque recebeu vários prêmios e dezenas de elogios que resumo nestas breves palavras que são enxertos de citações sobre a qualidade da sua obra e sua “contribuição para a formação cultural de diferentes gerações em todos os países onde se fala a língua portuguesa”, tendo destacado ainda o “carácter multifacetado” do seu trabalho, que passa pela poesia, o teatro e o romance. “O seu trabalho atravessou fronteiras e mantém-se como uma referência fundamental da cultura do mundo contemporâneo”.



 

Obra: BUDAPESTE

Autor: Chico Buarque

Ano: 2003

Edição: 2ª

Páginas: 176

Formato: 16x23

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