E SE TORNA PATRIMÔNIO CULTURAL DA CIDADE MARAVILHOSA
Mais de 600 mil pessoas passaram pela bienal do Livro do Rio durante os dez dias do evento, no Riocentro, na Barra da Tijuca entre os dias 2 e 10 de setembro. Foram 5,5 milhões de livros vendidos , uma média de nove por pessoa, 1,5 milhão a mais do que na edição de 2021, segundo a organização da bienal. Para as mais de 497 editoras, selos e distribuidoras, esses números, certamente, causaram alvoroço na expectativa de que esses faturamentos recordes garantam o retorno do investimento. A celebração dos 40 anos da Bienal do Livro que se tornou o mais novo patrimônio cultural da cidade do Rio foi esplendorosa contando com a participação especial do Cristo Redentor iluminado com as cores do evento. Realizada pela GL events Exhibitions (empresa francesa de negócios e entretenimento de médio porte) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), propiciou mais de 200 horas de uma programação que apostou na diversidade e pluralidade com total reconhecimento do público participando ativamente dessas experiências. Este ano, a Shell Brasil – uma das maiores companhias de energia do mundo – e o Itaú – o maior banco privado do Brasil – foram os patrocinadores. A Bienal do Livro Rio é considerada hoje o maior festival de literatura, cultura e entretenimento do país.
FATURAMENTO DAS EDITORAS
Nesta edição, a Bienal 2023 recebeu mais de 380 autores em sua programação oficial. Para além da alegria do público, as editoras comemoraram resultados acima do esperado e muito maior que em todos os outros eventos literários do país. Abaixo segue a lista de grandes editoras e livrarias que obtiveram um aumento considerável em suas vendas neste ano.
A Rocco começou com força já na primeira semana com o maior faturamento em um único dia de Bienal no primeiro sábado do evento, batendo o recorde da edição de 2019 com 85% de vendas a mais, na comparação dos três primeiros dias. Em 2021, a editora não participou da bienal devido à pandemia.
A Intrínseca e a Sextante conquistaram aumento de 100% nas vendas, se comparada com edição de 2021; a Citadel 110% e a Record registrou 120% a mais. Já a Globo Livros divulgou crescimento de 50% em relação aos seus resultados da última Bienal Rio e sobre a edição da Bienal São Paulo em 2022.
A Autêntica também reportou vendas 70% superiores ao primeiro final de semana da Bienal de 2019 . O Grupo compartilhou ainda que parte do bom resultado se deve ao catálogo da Gutenberg, o que mostra a força dos segmentos Juvenil, Young Adult e New Adult, que em geral têm uma força maior na Bienal.
O Grupo Editorial Record comercializou durante o evento cerca de mil títulos diferentes com 100 mil livros vendidos. A Companhia das Letras também divulgou ter atingido, pela primeira vez, a marca de 100 mil exemplares vendidos em uma Bienal do Livro. O Grupo não divulga comparativos em relação aos outros anos. E a Melhoramentos registrou vendas 30% superiores em relação à Bienal do Livro Rio 2021. A Planeta, que não participou da Bienal em 2021, projetou para este ano um crescimento 80% maior do que em 2019. Contribuíram para esta alta performance de vendas os vouchers oferecidos pelas Secretarias Municipais e Estadual para professores e alunos.
LIVROS MAIS VENDIDOS
Na Rocco, os cinco títulos que alavancaram as vendas da editora já no início do evento foram: Amêndoas, de Won-pyung Sohn, Quebrando o gelo, de Hannah Grace, A cantiga dos pássaros e das serpentes, da saga Jogos Vorazes, A Hora da Estrela (edição comemorativa), de Clarice Lispector, e Uma tempestade de verão, de K. L. Walther.
Na Arqueiro, destaque para Amor, teoricamente, de Ali Hezelwood; Rainha Charlotte, de Julia Quinn; e Um experimento em Nova York, de Elena Armas.
No Grupo Companhia das Letras, um dos livros mais vendidos foi Eu nasci para isso, da Alice Oseman, autora de Heartstopper. A obra foi lançada na Bienal.
Na Intrínseca, constam como os mais vendidos Melhor do que nos filmes, de Lynn Painter; A mandíbula de Caim, de Torquemada; Tudo que eu sei sobre amor, de Dolly Alderton; Bem-vindo à livraria Hyunam-dong, de Hwang Bo-Reum; e Manual de assassinato para boas garotas, de Holly Jackson.
Na Citadel, entre os mais vendidos foram: Em mim basta, Quintessência, O livro secreto dos escritores, A culpa é do meu-ex e Mais esperto que o diabo.
O Grupo Autêntica destaca a força da literatura nacional. Paola Siviero, Thais Roque e Lavínia Rocha, que estiveram presentes conversando com os leitores, têm livros na lista de mais vendidos. Seguem os títulos mais vendidos: Era uma vez um coração partido, de Stephanie Garber; Caraval, de Stephanie Garber; A lenda da caixa das almas, de Paola Siviero; Minha vida fora de série 1, de Paula Pimenta; Doce jornada, de Thaís Roque; e Entre 3 segredos, de Lavínia Rocha.
Na HarperCollins, os mais vendidos são: Amor às causas perdidas, de Paola Aleksandra; O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, CS Lewis; e Aurora, de Marcela Ceribelli. Na Thomas Nelson, foram O Deus que Destrói Sonhos, Rodrigo Bibo; A escolha do Verão, Sara Gusella; e O Cristianismo puro e simples, CS Lewis.
RECORDE DOS RECORDES
Muitas editoras também bateram o “recorde dos recordes”, dentre todos os eventos literários do país, o que confirma a relevância da Bienal para o calendário cultural dos brasileiros. A editora Sextante, por exemplo, celebrou o crescimento de 140% nas vendas nesta edição, se comparada à Bienal de 2021, alcançando mais de 60 mil livros vendidos durante os dez dias de evento. Em relação à Bienal do Livro de São Paulo, que aconteceu no ano passado, o aumento foi de 40%. Já a Globo Livros teve a sua “melhor Bienal de todas”, com aumento de 60% no faturamento em relação aos resultados da Bienal do Livro de São Paulo e quase três vezes mais, se comparada à edição de 2019 da Bienal do Rio. Para a HarperCollins Brasil, esta edição “foi histórica”, com mais de 40 mil livros vendidos, o que representa um aumento de 190% em relação à Bienal de São Paulo e, em faturamento, um crescimento de mais de 250%.
Apesar dos números animadores e da consolidação da Bienal do Rio como um dos grandes festivais literários do país, para alguns especialistas do setor, os grandes números e recordes registrados no Riocentro não significam um superaquecimento do mercado e o reflexo disso poderá surgir nos próximos meses quando o consumidor gastará menos em livrarias e dará menos atenção a livros de editoras que não estiveram na Bienal. Lembram que parte dos bons números da Bienal se deve a incentivos que governos de diferentes esferas deram a alunos de escolas públicas num total de R$13,5 milhões em vouchers disponibilizados durante as visitas escolares ao Riocentro. Diversos educadores também receberam esse apoio, decisivo para que o evento fechasse com uma média de 9 livros comprados e R$200 gastos por visitante. Entendem a importância das feiras do livro para aquecer o mercado editorial, mas faz-se necessário criar outros espaços que atraiam o leitor, exemplo, arrisco dizer, são as praças utilizadas como pequenas feiras espalhadas durante o ano em várias cidades do país, como a da cidade de São Paulo, a praça Charles Miller, sem grande estrutura, mas com boa organização vem se consolidando como mais um ponto importante de vendas de livro.
REFERÊNCIAS
Bienal do Livro 2023: Livros mais vendidos e destaques do 1º fim de semana - Capricho (abril.com.br)
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